As tendências para a saúde e, principalmente, para a prática da medicina são revolucionárias. Elas vão desde impressão 3D até inteligência artificial, mas como fazer essa integração de uma forma mais adequada? Essa foi uma das questões abordadas no Fórum de Saúde Corporativa, realizado no CONARH 2019.

Com mediação do Dr. Ricardo Ramos, presidente da ASAP e participação de Thomaz Tescaro, Vice-presidente da MDS e Dr. Daniel Morel, integrante da divisão global de Watson Health na IBM, o painel apresentou um overview de tecnologias com possibilidade de integração de dados e de continuidade do cuidado: aplicativos de consultas, clínicas de atenção primária, plataforma de dados, prontuários eletrônicos, monitoramento remoto de pacientes, BI, análises preditivas.

Para Dr. Daniel, hoje o médico toma decisões a partir do que considera ser a melhor evidência, mas será que a melhor evidência é realmente a melhor forma de fazer o tratamento para determinado paciente? O médico apresentou dados sobre o case da IBM, Watson Health, um software de big data que tem o objetivo de armazenar o máximo de informações possíveis não só estudos da área da saúde, mas também dados de pessoas ao redor do mundo. O programa consegue comparar enfermidades similares e, assim, dar diagnósticos mais precisos.

Segundo Dr. Daniel, o Watson, por exemplo, é capaz de fazer uma leitura das informações clínicas e fazer uma busca na literatura médica, trazendo para o médico os melhores tratamentos e até os tratamentos não recomendados. Mas o que isso muda o nosso dia a dia? No caso de um paciente oncológico, o relógio é um grande inimigo e a burocracia do plano de saúde pode acarretar uma importante perda de tempo. Muitas vezes as operadoras solicitam uma justificativa para tratamentos específicos, mas se estiver disponível uma ferramenta como o Watson, tanto para o médico, quanto para o auditor, o processo pode ser bem mais rápido. Em três minutos é possível ter uma informação. Até para a operadora de saúde isso é maravilhoso porque ela consegue avaliar com mais agilidade se o tratamento está correto, explica Dr. Daniel.

Para o analista da IBM, esse tipo de tecnologia agrega e melhora a performance médica. Permitindo que o médico tenha mais tempo para se dedicar ao paciente e um prazo mais curto de aprovação do tratamento, o que reflete diretamente no acompanhamento do paciente.

Por outro lado, Thomaz Tescaro começou com uma provocação: “Tem muita gente aí querendo ser o Uber da medicina. Eu gosto disso porque mostra que as pessoas estão querendo trazer bem-estar para a população e de uma forma mais barata”. O Vice-presidente da MDS, explica que a nova medicina tem novos pilares baseados, por exemplo, em tecnologia, como a Inteligência Artificial, One Touch, impressoras 3D, realidade aumentada e telemedicina. O interessante disso é a agilidade que podemos ter, ao diagnosticar uma doença 15 anos antes dela se manifestar, por exemplo. 

É consenso que a evolução tecnológica terá um papel fundamental, seja na descoberta de novas drogas ou no desenvolvimento de equipamentos e softwares que tornem hospitais mais produtivos e focados na prevenção. Só em 2016, mais de 8 bilhões de dólares foram investidos em cerca de 500 empresas de tecnologia em saúde nos Estados Unidos, segundo a consultoria americana do setor Startup Health. 

A estimativa é que 80% das 900 startups em saúde que existem no Brasil sejam focadas em desenvolver aplicativos, como os de prontuário eletrônico e agendamento de exames, softwares para gestão de hospitais e clínicas e equipamentos para testes clínicos e melhora da qualidade de vida de pacientes. Número que mostra a necessidade de uma gestão de saúde populacional diferente, principalmente em relação a dados dos pacientes e prontuários digitais. Na avaliação do integrante da divisão global de Watson Health na IBM, Dr. Daniel Morel, os dados atualmente não estão estruturados. Segundo ele, temos o hábito de olhar para trás para entender o futuro, mas de acordo com sua experiência, deveríamos olhar para o que fazemos com determinada população para traduzir para outros grupos. Um exemplo disso é a ASCO Annual Meeting, encontros onde são apresentados dados do Big Data. 

Para Thomaz Tescaro, é fundamental inserir o empoderamento do paciente como pilar da prática de cuidado, como ferramenta da promoção da saúde, em uma lógica intersetorial e interdisciplinar. “A gente tem pensado em ser cientista de dados e empoderar o usuário. Na medida em que garantirmos o acesso à informação através de um aplicativo ou de um prontuário digital a gente o torna protagonista da sua própria saúde”, conclui.

É importante constatar como as novas tecnologias e empresas podem transformar a área da saúde. O momento é oportuno para que médicos, profissionais da saúde, executivos de grandes empresas e indústria farmacêutica possam discutir e implementar novos modelos de gestão da saúde.

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