O que são indicadores da gestão corporativa de saúde?
De um modo geral, os indicadores são medidas-síntese que contêm informações relevantes sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, do sistema de saúde ou de qualquer outra natureza, que, em conjunto, devem refletir a situação atual da população e auxiliar no acompanhamento dessa evolução.
Os indicadores servem para a tomada de decisões, baseadas em evidências, e para a programação de ações. Dessa forma, a disponibilidade de informações apoiadas em dados válidos e confiáveis é condição essencial. A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar, desde a simples contagem direta de casos de determinada doença até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados.
Mas qual a diferença entre dados, informação e indicador?
Dados: é um conjunto de valores ou ocorrências em um estado bruto, geralmente armazenado em banco de dados e que em seu estágio primário não fornece insumos para a tomada de decisão. Exemplo: registro de atestados dos colaboradores;
Informação: é a resultante do processamento, manipulação e organização de dados e possui um foco mais abrangente e dispersivo. Exemplo: total de atestados e faltas de todos os colaboradores em determinado período;
Indicador: é a razão entre duas informações e que auxilia na tomada de decisão e com maior qualidade do que as informações ou os dados. Exemplo: proporção de atestados em relação ao total de colaboradores;
A qualidade de um indicador depende da precisão dos sistemas de informação empregados no registro, na coleta e na transmissão de dados. Para se ter um bom indicador, são necessárias as seguintes características:
● Validade: é a capacidade de medir o que se pretende. Deve ter a capacidade de detectar o fenômeno analisado (sensibilidade), bem como detectar somente o fenômeno analisado (especificidade);
● Confiabilidade: reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares;
● Mensurabilidade: deve se basear em dados disponíveis e fáceis de se conseguir;
● Relevância: deve responder às prioridades necessárias;
● Custo-efetividade: os resultados devem justificar os investimentos em tempo e recursos para a sua mensuração.
Além disso, espera-se que os indicadores possam ser analisados e interpretados com facilidade e que sejam compreensíveis pelos usuários da informação, especialmente gerentes, gestores e os que atuam diretamente na gestão das áreas correspondentes.
Objetiva-se com a disponibilidade de um conjunto básico de indicadores facilitar o monitoramento de objetivos e metas em saúde, estimular o fortalecimento da capacidade analítica das equipes de saúde e promover o desenvolvimento de sistemas de informação de saúde, intercomunicados entre os diversos atores envolvidos na saúde corporativa: operadoras, corretoras, prestadores, medicina ocupacional, etc.
Como começar a trabalhar e calcular indicadores?
Recursos Humanos: dados e informações demográficos e sociais dos colaboradores e seus dependentes;
Questionário de Avaliação de Fatores de Risco (AFR), ou o “Questionário de Saúde” ou outros questionários e inquéritos de saúde: levantamento das condições de saúde e doença, hábitos de vida, qualidade de vida, fatores de riscos, entre outras informações;
Outros fornecedores: demais dados e informações relevantes para a Gestão de Saúde Corporativa que estejam disponíveis em outros prestadores da empresa.
A partir do momento que se identifica a fonte, é preciso organizar a informação. Para isso, é preciso responder a algumas perguntas:
● Para quem vou pedir esses dados ou informações?
● Como vou pedir esses dados ou informações?
● Com que periodicidade vou solicitar esses dados?
● Onde vou deixar guardadas essas informações?
Essas perguntas são importantes para que as especificações sejam bem feitas, para os casos em que houver mudanças de pessoas não se altere o processo, para que quem forneça as informações solicitadas se prepare para enviá-las na periodicidade solicitada, sem atrasos, para solicitar auxílio de superiores, caso isso trave em algum lugar, e também para deixar organizado de forma que qualquer pessoa do setor esteja apta a calcular os indicadores.
Recapitulando alguns conceitos dos capítulos anteriores, a gestão de saúde corporativa tem por objetivo otimizar o estado de saúde de uma população. Dentre os resultados esperados dessas ações estão: a economia com gastos em saúde, melhores condições e hábitos de saúde, diminuição do absenteísmo e afastamentos, melhoria da produtividade e maior engajamento e fidelidade do colaborador. Vimos também que “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia”
Portanto, para começar a trabalhar com indicadores e calculá-los é preciso primeiro responder a uma pergunta: “O que quero medir?”. Para responder a essa pergunta, é preciso que sua resposta esteja alinhada com os objetivos e ações desenvolvidas pela empresa no âmbito da saúde corporativa.
Tendo a resposta para essa pergunta bem definida e alinhada com a estratégia da empresa, a segunda pergunta é: “Como vou medir?”.
Essa pergunta fará você refletir sobre quais são as informações e os dados necessários e onde eles estão. Entre as possíveis fontes de dados para os indicadores estão:
● Folha de pagamento: dados e informações de faltas, atestados, afastamentos;
● Operadora de plano de saúde: dados e informações de utilização de serviços de saúde, condições de saúde;
● Medicina ocupacional: dados e informações referentes ao exame admissional e periódico;
● Ambulatório da empresa: dados e informações referentes a atendimentos médicos e de equipe de enfermagem realizados no ambulatório interno ou terceirizado da empresa.
Outro ponto importante é que os indicadores que listou para acompanhar estejam em linha com os objetivos das ações estabelecidas. Por exemplo, se quiser mensurar o impacto de um programa de alimentação saudável, não poderá ser o indicador de “Proporção de pessoas com diagnóstico de Diabetes”.
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