Luís Felipe Cortoni, psicólogo e professor do INSPER na área de educação executiva de RH e Dr. Primo Paganini, especialista em psiquiatria e ex membro do Comitê Técnico da Aliança para a Saúde Populacional (ASAP) falaram sobre “Saúde Mental nas Empresas” no último Fórum Nacional de Saúde Corporativa, evento realizado em parceria com a ABRH.
Luis Felipe abriu a mesa falando sobre o fato do termo “doença mental” não ser bem-vindo na área de Recursos Humanos. A maioria dos funcionários tem uma certa dificuldade de se expor porque podem receber o diagnóstico e ficarem “mal vistos” nas empresas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 38% dos trabalhadores temem que, ao revelar uma doença mental, isso possa interferir negativamente na sua carreira e, por isso, muitos são os mitos sobre o assunto nas instituições.
Com prazos cada vez menores, maior cobrança para obtenção de resultados e agendas cada vez mais apertadas, o funcionário hoje “parece estar sempre esquiando em gelo fino. Não pode parar, senão afunda”, afirma Luis Felipe citando Zygmunt Bauman. “A etiologia pode vir de dentro e de fora, nem todos os problemas têm necessariamente a ver com o trabalho”, acrescenta.
Como sugestão, Luis Felipe cita três ações que podem ser usados no combate à doença mental: desenvolver um vínculo mais justo e transparente entre empregado e empresa; facilitar as expressões humanas e investir na saudabilidade das relações. Para ele, grupos de yoga, mindfulness e momentos lúdicos no trabalho podem ajudar, mas se o colaborador chega a ser afastado, é necessário oferecer todo o apoio e acolhimento durante o estresse pós-traumático.
Dr. Primo Paganini, na segunda parte do painel, trouxe dados da OMS que mostram resultados alarmantes: o Brasil lidera o ranking mundial de depressão e ansiedade, com previsão de que uma a cada quatro pessoas terá doença mental. Segundo ele, a depressão já é a principal causa de incapacitação no trabalho, sendo a doença mental a que mais causa prejuízo, se comparada às doenças cardiovasculares ou respiratórias.
Dr. Primo afirma que tudo está interligado – Conexão Cérebro Coração (CCC) – e isso é altamente perigoso para a saúde de uma maneira geral. A doença mental aumenta a gordura abdominal, a pressão arterial, a glicemia, o colesterol, a agregação plaquetária e a coagulação, causando doenças cardiovasculares. Dessa forma, quem tem doença mental, aumenta as chances de ter doenças cardiovasculares.
O psiquiatra acrescenta ainda que, assim como Luis Fernando, é essencial a criação de vínculos com os funcionários, sendo preciso fazer com que eles se sintam acolhidos e consigam passar seus problemas para o médico. Um diabético não tem medo de assumir a própria doença, da mesma forma, quem tem doença mental não deveria ter vergonha de assumir e buscar tratamento, finaliza.
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